Entre os dias 8 e 14 de junho de 2025, o Brasil enfrentará uma sequência de eventos climáticos marcantes, com a chegada de uma massa de ar polar logo após episódios de chuvas intensas. Essa combinação de fatores meteorológicos deve provocar mudanças significativas nas temperaturas e afetar diretamente o setor agrícola em várias regiões do país. A previsão indica que produtores rurais precisarão redobrar a atenção com as operações de campo e o manejo de animais, diante do risco de atrasos em colheitas, impactos em culturas sensíveis e possibilidade de geadas em meio ao frio.
O avanço do frio ocorre em um momento em que o Centro-Sul já lida com altos índices de precipitação, o que dificulta o andamento de atividades como plantio, pulverização e colheita. Além disso, a queda acentuada dos termômetros pode surpreender agricultores e pecuaristas, exigindo adaptações rápidas para proteger lavouras e rebanhos. O fenômeno, considerado um dos mais abrangentes do ano, ressalta a importância do monitoramento climático constante para o planejamento do agronegócio.
O que esperar das chuvas e do frio nas principais regiões?
⚠️🌧️ Alerta de chuvas intensas neste domingo e na segunda-feira entre o S, CO e SE e no extremo norte.
— Meteored | Tempo.com (@MeteoredBR) June 8, 2025
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As condições climáticas previstas variam conforme a região. No Centro-Oeste, especialmente em áreas produtoras de milho e algodão, a expectativa é de volumes elevados de chuva, que podem ultraar 60 mm em poucos dias. Essa umidade excessiva tende a atrasar operações de campo e, em seguida, a chegada do ar polar poderá causar noites mais frias, com temperaturas abaixo da média, aumentando o risco de estresse térmico em plantas e animais.
No Sul, a instabilidade inicial dá lugar a um frio mais intenso, principalmente em áreas serranas. As mínimas previstas podem ficar até 5 °C abaixo do normal para a época, o que eleva a possibilidade de ocorrência de geadas. Produtores de leite e de culturas como trigo e hortaliças devem adotar medidas preventivas para minimizar perdas. Já no Sudeste, o cenário é de transição: após chuvas localizadas, a massa polar avança, trazendo frio fora de época e possíveis impactos no desenvolvimento de café, frutas e pastagens.
Região Sul:
- Rio Grande do Sul
- Santa Catarina
- Paraná
Região Sudeste:
- 4. São Paulo
- 5. Rio de Janeiro
- 6. Minas Gerais (especialmente o sul de Minas)
- 7. Espírito Santo (leste do estado)
Região Centro-Oeste:
- 8. Mato Grosso do Sul
- 9. Mato Grosso (partes do estado)
- 10. Goiás (partes do estado)
- 11. Distrito Federal
Região Norte:
- 12. Acre (parte do estado, por conta do avanço da massa de ar polar)
Como o agronegócio pode se adaptar a essas mudanças?
O setor agrícola brasileiro precisa agir rapidamente diante dessas condições adversas. Entre as principais estratégias recomendadas estão:
- Ajustar o calendário de atividades conforme as previsões meteorológicas, priorizando operações em períodos de menor risco.
- Proteger culturas vulneráveis ao frio com técnicas como coberturas, irrigação anti-geada e uso de quebra-ventos.
- Garantir abrigo e alimentação adequada para animais, reduzindo o impacto do frio intenso na produção leiteira e no bem-estar dos rebanhos.
- Monitorar sinais de doenças em plantas e animais, já que a combinação de umidade e baixas temperaturas favorece o surgimento de problemas sanitários.
Mais adaptações:
1. Manejo da Lavoura e Solo
- Planejamento e escolha de culturas: É fundamental escolher espécies e variedades de plantas mais resistentes ao frio e que se adaptem melhor às condições climáticas da região. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é uma ferramenta importante para auxiliar nessa decisão, indicando os períodos e locais mais adequados para cada cultura.
- Manejo nutricional: Uma adubação equilibrada e específica para as necessidades da cultura pode aumentar a resistência das plantas ao estresse hídrico e térmico. Nutrientes como o potássio, enxofre e silício têm demonstrado papel importante na proteção contra danos por geadas.
- Manejo da irrigação: Em períodos de seca, que muitas vezes acompanham as ondas de frio, o manejo eficiente da irrigação é essencial para evitar o estresse hídrico das plantas. Em alguns casos, a irrigação por aspersão ou neblina artificial pode ser usada para proteger as plantas da geada.
- Cobertura do solo e plantio direto: A manutenção da palhada no solo (plantio direto) ajuda a proteger a umidade, reduzir a erosão e atenuar as variações de temperatura, contribuindo para um ambiente mais estável para as raízes das plantas. Culturas de cobertura também auxiliam na proteção do solo e melhoram sua estrutura.
- Manejo integrado de pragas e doenças: O estresse climático pode tornar as plantas mais suscetíveis a pragas e doenças. Um manejo integrado que combine práticas culturais, uso de variedades resistentes e, quando necessário, controle biológico, é crucial.
2. Melhoramento Genético e Biotecnologia
- Desenvolvimento de variedades resistentes: Investir em pesquisas e melhoramento genético para desenvolver cultivares mais tolerantes ao frio, à seca e a outras condições climáticas extremas é uma estratégia de longo prazo fundamental. Isso inclui plantas mais eficientes no uso da água e nutrientes.
- Bioengenharia: Novas tecnologias de bioengenharia podem abrir horizontes genéticos para aumentar a resiliência das culturas.
3. Tecnologia e Inovação
- Agricultura de precisão: Utilização de tecnologias como GPS, sensores remotos, drones e análise de dados para monitorar em tempo real as condições do solo, clima e plantas. Isso permite tomar decisões mais assertivas sobre plantio, irrigação, adubação e manejo.
- Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA): Sensores inteligentes podem monitorar variáveis como umidade, temperatura e umidade do ar, enviando dados para análise por IA. Isso possibilita prever eventos extremos e otimizar as operações agrícolas.
- Softwares de previsão de mercado e clima: Ferramentas digitais que integram informações de safras, clima e mercado em um único ambiente virtual auxiliam no planejamento e tomada de decisões estratégicas.
- Conectividade rural: A expansão do 5G e outras tecnologias de conectividade no campo permitem a comunicação instantânea entre máquinas, sensores e aplicativos, aumentando a eficiência operacional e a troca de informações entre produtores.
4. Boas Práticas Agrícolas e Sustentabilidade
- Sistemas Integrados de Produção: A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma excelente estratégia. Ela otimiza o uso da terra, diversifica a produção e aumenta a resiliência do sistema produtivo a eventos climáticos adversos.
- Recuperação de pastagens degradadas: A recuperação de áreas degradadas contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da produção pecuária.
- Arborização de cafezais e associação de culturas: Essas práticas podem criar microclimas mais favoráveis, protegendo as culturas do frio intenso e da seca.
- Agricultura orgânica e sistemas agroflorestais: Essas abordagens promovem a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência dos sistemas agrícolas.
5. Educação e Capacitação
- Formação de agricultores: É essencial investir na capacitação de produtores rurais sobre práticas agrícolas sustentáveis e gestão de riscos climáticos. O conhecimento é uma ferramenta poderosa para a adaptação e inovação.
- Colaboração e redes de e: A troca de conhecimentos e o o a novas tecnologias e assistência em momentos de crise, através de redes de e e colaboração, fortalecem a resiliência das comunidades agrícolas.
Quais são os riscos e desafios para as diferentes regiões?

No Nordeste, a situação é marcada pela estiagem prolongada e baixos índices de umidade, o que agrava o estresse hídrico em áreas de pastagem e pode comprometer o abastecimento de água para o gado. Já na região Norte, a diminuição das chuvas favorece a preparação do solo para o próximo ciclo agrícola, mas também aumenta o risco de incêndios florestais devido ao solo mais seco. Em ambos os casos, a atenção deve ser redobrada para evitar prejuízos e garantir a sustentabilidade das atividades rurais.
O cenário climático de junho de 2025 reforça a necessidade de planejamento detalhado e resposta rápida por parte dos produtores rurais. A alternância entre chuvas volumosas e frio intenso exige flexibilidade nas operações, além de investimentos em tecnologias de monitoramento e manejo. Com medidas preventivas e acompanhamento constante das previsões, é possível minimizar os impactos negativos e manter a produtividade mesmo diante de condições desafiadoras.