Os bebês reborn são bonecos meticulosamente criados para se assemelharem a bebês reais. Este fenômeno artístico, que começou a ganhar popularidade nas últimas décadas, é conhecido por sua atenção aos detalhes e pela habilidade dos artesãos em criar figuras que imitam a aparência e até mesmo o peso de um bebê verdadeiro. No Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, o interesse por esses bonecos tem crescido, embora ainda seja um nicho de mercado.
As lojas especializadas na venda de bebês reborn estão agora expandindo suas ofertas para incluir os “toddlers”, que são versões maiores e mais complexas dos bonecos. Apesar de a demanda por esses modelos ser menor, eles representam uma evolução interessante no mundo dos bonecos hiper-realistas. Os toddlers podem ter até um metro de altura e vêm com órios que vão além dos tradicionais, como roupas de praia e brinquedos próprios.
Quem são os criadores dos bebês reborn?
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Os artesãos que criam esses bonecos são frequentemente chamados de “cegonhas reborn”. Claudia Maccagnan, uma dessas artesãs de Caxias do Sul, tem mais de 15 anos de experiência na criação de bonecos hiper-realistas. Ela explica que a maioria dos compradores de toddlers são colecionadores que apreciam o realismo e a possibilidade de interagir com o boneco de maneiras diferentes, como pentear seus cabelos.
Priscila Silveira, outra fabricante renomada, destaca que os toddlers não são necessariamente uma “versão crescida” dos bebês reborn. Em vez disso, eles são procurados por sua semelhança com crianças reais e pela possibilidade de serem usados como decoração ou para brincadeiras específicas, como fazer penteados.
Como as ‘crianças reborn’ estão impactando o mercado?
- Crescimento do Mercado: O setor de bonecas reborn tem apresentado um crescimento notável. Globalmente, o mercado de bonecas como um todo já ultraou os US$ 24 bilhões, e as reborns movimentaram cerca de US$ 200 milhões em 2024, crescendo a um ritmo de 8% ao ano. No Brasil, estima-se que mais de 4 mil bonecas sejam vendidas por mês, com o mercado superando R$ 20 milhões por ano, considerando vendas diretas, insumos, cursos e monetização digital.
- Diversificação do Público: Embora no início o mercado fosse dominado por colecionadoras adultas, o perfil das clientes mudou. Atualmente, 60% das compras vêm de mulheres adultas (entre 30 e 60 anos), que as tratam com carinho e cuidado. No entanto, 25% são compras para crianças que buscam um brinquedo mais resistente e diferente, e 10% são destinadas à terapia clínica (em casos de luto ou Alzheimer). Há também um público crescente de homens jovens (3%) interessados em customização e vídeos ASMR.
- Oportunidades de Negócio e Renda: O crescimento do setor tem gerado oportunidades para empreendedores, especialmente no interior do Brasil. A produção de reborns é um trabalho artesanal e detalhado, que pode levar de 7 a 40 horas por boneca. Isso impulsiona a venda de insumos (vinil, olhos de vidro, pelo de alpaca/lhama/cabra angorá) e o surgimento de cursos voltados à produção de bonecas hiper-realistas, que cresceram 45% entre 2022 e 2024.
- Faixa de Preços Variada: Os preços das bonecas reborn variam amplamente, desde modelos mais simples por R$ 188 em marketplaces até peças mais elaboradas de silicone sólido que podem chegar a R$ 10 mil no Brasil. Internacionalmente, bonecas exclusivas podem ultraar os US$ 10 mil. Essa diversidade de preços atende a diferentes públicos e orçamentos.
- Viralização nas Redes Sociais: Os bebês reborn ganharam grande visibilidade nas redes sociais, com vídeos de “partos”, “maternidades cenográficas” e “adoções” acumulando milhões de visualizações. Essa viralização, embora crie um “barulho” maior do que o volume de vendas reais, impulsiona o interesse e a busca pelas bonecas.
- Impacto Emocional e Terapêutico: Além de serem brinquedos ou itens colecionáveis, as reborns têm um forte apelo emocional. Muitas pessoas as adquirem para lidar com traumas, luto, ansiedade ou para preencher lacunas emocionais. A “doll therapy” com bonecas reborn tem mostrado resultados positivos na redução da agitação de idosos com demência.
- Desafios e Debates: O fenômeno das bonecas reborn também levanta discussões sobre os limites entre fantasia e realidade. Embora a maioria dos usuários entenda que são bonecas, há casos de apego excessivo que podem gerar preocupação, especialmente quando há negação de que o objeto é uma boneca ou prejuízos na vida pessoal. A cobertura midiática, por vezes, foca nesses casos mais extremos, gerando debates sobre o papel do jornalismo e a curadoria de notícias.
Qual a polêmica envolvida com a febre?

O uso de bebês reborn tem gerado debates acalorados no Brasil. Em parte, isso se deve a relatos de pessoas que tentam utilizar os bonecos para obter benefícios, como vacinas ou atendimento preferencial. Em resposta a esses incidentes, algumas cidades brasileiras, como Curitiba, emitiram comunicados esclarecendo que “mães de bebê reborn não têm direito ao banco preferencial”.
Além disso, o fenômeno dos bebês reborn ganhou destaque nas redes sociais, onde “mães reborn” compartilham suas experiências. Em abril de 2025, um encontro no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, reuniu entusiastas e gerou discussões sobre o papel desses bonecos na vida das pessoas. A popularidade crescente levou até mesmo à criação de propostas políticas, como o projeto de lei no Rio de Janeiro para instituir o Dia da Cegonha Reborn.
Para muitos, os bebês reborn não são apenas brinquedos, mas também uma forma de e emocional. Eles podem oferecer conforto a pessoas que enfrentam a perda de um filho ou que não podem ter filhos. No entanto, essa função emocional dos bonecos também levanta questões sobre a saúde mental e a necessidade de apoio psicológico adequado.
O debate sobre os bebês reborn continua a evoluir, refletindo as complexidades das necessidades emocionais humanas e a capacidade da arte de imitar a vida de maneiras surpreendentes. Seja como objetos de coleção, brinquedos ou ferramentas de conforto emocional, os bebês reborn permanecem um tema fascinante e, por vezes, controverso na sociedade contemporânea.